Ano do Projeto: 2020
Equipe: Lucas Feitosa, Fernanda Marafon, Roberto Montenegro, Matheus Godoy, David Silva e Edilson Melo
A necessidade de enfrentar a natureza, de constituir parte do território e dele participar com inteligência, norteia escolhas formais e construtivas do projeto. Elege-se a configuração segundo módulos construtivos de medidas regulares que, agrupados, atendem às atividades do programa, permitem arranjos diversos e futura expansão. São propostas diferentes edificações: unidades autônomas, para famílias e habitantes locais; dormitórios para visitantes, pequenos galpões multiusos e um bloco principal com maior extensão, que constitui marco na paisagem e reúne ações do domínio coletivo: receber, cozinhar, comer, socializar, estar.
A edificação principal, organiza-se a partir da entrada, definida por pátio central e anuncia o intuito de contemplação e integração com esta paisagem. Organizam-se duas alas, à esquerda e à direita, em uma delas situam-se áreas de depósito, serviços e centro de convivência para atividades comunitárias e na outra ala, a área de recepção de hóspedes, cozinha, preparo e consumo de refeições e área para socialização de hóspedes e moradores.
A repetição de conjuntos com mesmas medidas e núcleos de instalações similares tenciona permitir a flexibilização e variedade de usos na mesma unidade construída. Desta maneira, unidades autônomas e conjunto de quartos são inseridos nas diferentes situações geográficas. As varandas na totalidade do perímetro solucionam questões climáticas e do programa.
O sistema construtivo é concebido a partir de módulos de 3 m x 3 m em materiais locais - bambu na estrutura principal e madeira nos fechamentos e apoios inferiores – empregados com objetivo de promover o uso sustentável dos recursos naturais e minimizar gastos energéticos com transporte e transformação de matérias-primas. A execução pode ser realizada por mão de obra local por meio de oficinas de capacitação para promover educação ambiental, manejo de recursos existentes na região e incentivar a economia local. Em locais nos quais há necessidade de precisão nas medidas adota-se bambu lamelado colado, material desenvolvido industrialmente e associado a demandas de maior escala.
Os módulos construtivos suspensos, sem tocar o solo, aludem à construção tradicional local com implantação livre nas variadas situações e cotas geográficas, e possibilitam a orientação solar adequada a cada caso. Podem ser agrupados para constituir usos com maior contingente de pessoas ou alocados de maneira autônoma. Todas as unidades estão aptas a receber tecnologias de energia renovável: painéis fotovoltaicos, cisternas enterradas para captação de águas pluviais do sistema de cobertura com calha central e sistemas de aquecimento alternativos.